Formações em masculinidade, paternidade e cuidado serão realizadas em nível nacional e iniciam em 2024
No mês de novembro, mês de atenção integral à saúde do homem, celebramos iniciativas que vêm para enriquecer a qualidade de vida desse grupo. Com o compromisso de fortalecer o debate de atenção à saúde do homem, o Promundo firmou parceria com o Ministério da Saúde em um Acordo de Cooperação Técnica que vai capacitar 15 mil profissionais da área a partir de 2024. O projeto Masculinidades e Paternidades Equitativas vai chegar a 5 estados do território nacional. Além de formações presenciais, o projeto contará com formação online para os estados que, porventura, não estejam entre os 5 contemplados.
O foco das formações são as temáticas em torno das masculinidades e paternidade e cuidado, abordando além da saúde do homem, assuntos ligados a equidade de gênero, economia do cuidado, noções sócio históricas dos modelos de masculinidade, prevenção de violência, promoção da equidade de gênero, diversidade das masculinidades e paternidades, racismo e antirracismo. As abordagens terão como objetivo a sensibilização e mobilização das equipes técnicas, equipes de gestores e de Atenção Primária à Saúde para o atendimento aos homens.
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem visa promover a melhoria das condições de saúde desse grupo e contribuir para a redução da sua morbidade e mortalidade. Sendo um dos eixos da PNAISH, a paternidade e o cuidado estão inseridos dentro dessa política por trazer benefícios tanto para a saúde e bem-estar do homem, quanto de suas parcerias e das crianças, incluindo a participação em todas as fases da gestação, o fortalecimento dos vínculos e do desenvolvimento dos filhos, contribuindo na redução de situações de violência obstétrica e de mortalidade materna e infantil, dentre muitos outros benefícios. Acesse os conteúdos deste mês do Promundo, para saber mais sobre.
Para que o homem seja incluído ativamente nas políticas de saúde, é fundamental que os profissionais estejam preparados para recebê-lo, que estejam qualificados para sensibilização e debate sobre as masculinidades e suas diversidades, contextos e questões. Por isso, o Ministério da Saúde e o Promundo estão promovendo esse diálogo através das formações.
É importante considerar que existem motivos estruturais que levam os homens a se distanciarem do lugar de cuidado. Os tabus e preconceitos ligados ao modelo ideal de masculinidade, a cultura de que o homem não pode ser vulnerável, o cuidado sendo socialmente associado às mulheres, tudo isso estimula o homem a se colocar em risco, a não assumir que precisa de cuidado e que pode também se responsabilizar pelo cuidado em outras dimensões, como o cuidado dos filhos e das tarefas domésticas. O Promundo luta em diversas frentes para que esses tabus sejam quebrados e para mostrar que toda a sociedade ganha quando os homens assumem o papel de cuidar e ,assim, têm a sua qualidade de vida valorizada.
Porque é importante pautar a saúde do homem
Dados nacionais e internacionais mostram que os homens vivem menos, principalmente por cuidarem menos da própria saúde. Segundo o IBGE, a média de vida é de 7 anos a menos que as mulheres.Outros números mostram que:
70% dos homens que vão ao médico, o fazem por influência de mulheres, segundo levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo .
Os homens têm menor número de consultas médicas por ano em comparação às mulheres, de acordo com o Ministério da Saúde.
São maioria na mortalidade por suicídio e apresentam um risco 3,8 vezes maior de morte por suicídio que mulheres, segundo o Ministério da Saúde.
Os homens são as principais vítimas das violências e dos acidentes, segundo pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz.
Homens acessam os serviços de saúde em situações de urgência. 62% só procuram um médico quando os sintomas estão insuportáveis, segundo pesquisa do instituto Lado a Lado.
O coordenador de Atenção à Saúde do Homem, Celmário Brandão, falou sobre o acordo de cooperação do Ministério da Saúde com o Promundo. “O acordo nasce de uma relação de reconhecimento e de confiança que a Coordenação da Saúde do Homem desenvolveu e deposita no Instituto Promundo. O acordo de cooperação é importante para formalizar um conjunto de compromissos de ambas as partes. Estamos apostando nessas formações para dar amplitude ao debate sobre masculinidade e sobre paternidade em todo o território nacional”, frisou.
Ele afirmou ainda que a parceria é uma oportunidade de alcançar um grande número dentro do serviço de atenção primária à saúde brasileira e também de qualificação dos trabalhadores tanto para acolhimento dos homens, quanto para o debate em relação ao exercício da paternidade e das masculinidades. Para ele, o acordo é também uma possibilidade de despertar o olhar social.
“Cria-se todo um movimento em relação à saúde do homem e não só trabalhadores, mas gestores, a sociedade como um todo começa a olhar de maneira equânime para essa população masculina, que tem negligenciado seus cuidados, têm negligenciado cuidado aos outros. E existe também a capacidade que o sistema de saúde tem tido de atender, de acolher, de promover a inserção desses homens em uma rede de cuidados. Não é só uma frente de mão única. Os homens negligenciam, mas é uma responsabilidade do estado brasileiro cuidar de toda a população brasileira, dentre ela, a população masculina. Estamos com muita expectativa para o início das atividades. Espero que muito em breve a gente esteja com o pé na rua pra poder formar e esperamos desencadear uma série de outros processos formativos e de mudança social a partir desse acordo de cooperação e dessa relação com o Promundo”.
A diversidade de masculinidades e paternidades
Outra questão importante é de se considerar no atendimento do sistema de saúde as particularidades das diferentes masculinidades e paternidades. Durante o 3º Webinário da Saúde da População Negra, com foco no debate sobre a Saúde do Homem, realizado pelo Ministério da Saúde, Luciano Ramos, diretor adjunto do Promundo, mencionou esse ponto, trazendo especificamente as vivências dos homens negros.
Sobre as paternidades negras, ele enfatiza que “Quando a gente está falando de pré-natal do parceiro, a gente precisa olhar para as outras paternidades e como elas se organizam .[…] Quando a gente pensa na estratégia de pré-natal do parceiro pra entrada do homem no SUS, a gente precisa pensar como o SUS está estruturado pra atender o homem negro. Quando a gente estiver fazendo formação para profissionais de saúde no Brasil, a gente precisa trabalhar o tema de racismo e de práticas antirracistas. Como esses profissionais podem ter práticas antirracistas no seu atendimento? Quem é esse homem negro? Como ele se constitui e porque ele não chega ao sistema de saúde? Como estratégia da branquitude pra que esse homem não ocupe esse lugar, vende-se a ideia de que ele é mais forte”, explicou.
O trabalho do Promundo e as outras iniciativas do instituto
O Promundo tem atuado fortemente com os temas de masculinidade e paternidade e cuidado. O trabalho do instituto tem como foco a metodologia do Programa H, que visa promover a reflexão sobre normas rígidas associadas à masculinidade por meio de oficinas educativas e campanhas de sensibilização e a metodologia do Programa P, que trabalha também as mesmas questões, mais voltadas ao exercício da paternidade.
Atualmente, o Promundo realiza também outras formações a partir dessas temáticas com o apoio da Fundação Chanel. Ao longo do próximo ano, serão formados mais de 25 mil profissionais não só da saúde, mas também da assistência social e da educação. As articulações com os estados e municípios ainda estão sendo realizadas e já estão confirmadas formações nos estados da Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul e outras já se iniciaram no Rio de Janeiro.
Para saber mais sobre saúde do homem, paternidade e cuidado, acesse os materiais disponíveis no nosso site! Temos o Manual do Programa P e o Primeiro Relatório Sobre as Paternidades Negras no Brasil.
Aproveitamos para difundir ,ainda, o Guia do Pré-natal do Parceiro para Profissionais de Saúde, realizado pelo Ministério da Saúde, dentre outros conteúdos do site do Ministério. Faça parte você também da promoção da saúde do homem. Acesse e compartilhe os conteúdos!das em nível nacional e iniciam em 2024
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